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14 de fev. de 2012

De mudança




Tenho um gosto esquisito pela imprevisibilidade da vida. É verdade que a gente sempre tem roteiros e agendas, mas nunca tive nenhuma garantia de que os acontecimentos cumpririam o programa. É aí que mora um desafio gostoso: escolher entre sentar-se, reclamar e chorar ou botar a cabeça para funcionar e encontrar a forma de voltar a vida para os trilhos.


Vivo isso em períodos de mudança. E gosto. Não que as mudanças não me assustem, mas imagina que castigo ser a mesma coisa, no mesmo lugar a vida inteira. Não mesmo! Prefiro o movimento. E cá estou diante de uma mudança; dessas mais simples, ainda de proporções indefinidas. Talvez seja só de um apartamento para outro, talvez não passe de uma substituição de pessoas que moram no atual. De uma forma ou de outra, haverá reconfiguração.

Sei é que o que a mudança tem de desafio-encantador, de novas e inúmeras possibilidades, ela também tem de desconfortável. De repente, a casa arrumada de acordo com a cara dos moradores é desfeita. É um tal de desmonta daqui, embala dali... E as coisas feias da casa, antes maquiadas ou escondidas, agora são escancaradas. Já reparou? Mudanças revelam manias e hábitos estranhos, por vezes cultivados tão carinhosamente... Mas, sejamos sinceros, é uma ótima oportunidade de descartar entulhos e coisas que insistimos em guardar, mesmo não tendo mais utilidade. Ou, o que é melhor, podemos descobrir em nossos guardados objetos que ainda serão úteis para outras pessoas.

É um tempo de a gente se desapegar de coisas insignificantes, reaprendendo a valorizar o que é de fato importante. De saber que é perfeitamente possível viver bem sem todas as quinquilharias que julgamos indispensáveis. Um bom tempo para se livrar dos excessos, para que somente permaneça a essência. 

E confesso: é libertador olhar a casa vazia! Oportunidade de recomeçar. Página em branco, pronta para receber a história que eu quiser contar. Um convite ao exercício da criatividade que ás vezes se esconde. É que sentada no chão, no centro da sala sem móveis, me vem à memória a história da Criação, lá no princípio, quando somente havia o caos e o nada, e a partir daí, Deus fez surgir esse mundão todo! Inspirador, no mínimo.

Vazio propício para refletir sobre o que queremos que seja a casa nova, quais as pessoas serão bem-vindas, que energias desejamos atrair... Gosto mais ainda que isso aconteça agora, quando é início do ano e a gente tem bom estoque de ânimo e um monte de planos ainda frescos, acentuando a cara de recomeço.

Guardadas as proporções inevitáveis de desconfortos e desgastes, mudança é um tempo bom para rever nossa conduta e reorganizar nosso mundo, colocando coisas e pessoas em seus devidos lugares dentro dele. E, por que não? É tempo também de compartilhar a vida com outras pessoas, com gente diferente.

É por isso que aproveito a mudança para dizer algo aos meus amigos; aos antigos, fiéis e sempre presentes: faz tempo que vocês são uma espécie de âncora, oferecendo estabilidade pra que eu sempre atravesse períodos turbulentos assim, com leveza, conseguindo enxergar o mundo ainda em cores. Aos recém-conquistados, que fazem de cada encontro ou conversa uma deliciosa descoberta: vocês despertam em mim a paixão pelo imprevisível. A todos os meus amigos: assim como na minha vida, vocês são bem-vindos à nossa casa nova (ou nova casa, sei lá!). E quando vierem, brindaremos em celebração à novidade que pode ser cada dia! Quem tem amigos tem um tesouro. E quem tem amigos novos está livre do castigo de passar a vida inteira se refletindo em espelhos velhos!







2 de fev. de 2012

Ah, o Verão!



Adoro abrir as janelas bem cedo e já dar de cara com tanto brilho e tanto azul.

Adoro que as pessoas já acordem inquietas, e com os primeiros raios de Sol se ponham a caminhar e a correr, dando um movimento bonito às ruas, parques e praças.

Adoro que seja época de um bocado dessas frutas azedas, que transformadas em suco refrescam as tardes calorentas (benditos sejam o maracujá e a acerola!).

Adoro reconhecer o valor da água gelada, remédio pra curar a secura do corpo, por dentro e por fora.

Adoro as roupas, poucas, coloridas e a liberdade dos pés descalços.

Adoro os convites à leveza e aos assuntos menos sérios, aos fins de semana com toalha xadrez no parque, às boas companhias e conversas que se estendem noite adentro nas mesas das calçadas.

Adoro as tempestades no fim da tarde, que convivem em harmonia com o Sol, cumprindo as falas da moça do tempo. Banho de chuva que lava a alma...

Adoro que uma estação tenha, cá nessas terras tropicais, um horário só para ela, colocando tempo a mais em todas as tardes.

Adoro essa agitação com cara de festa e férias.

Adoro que seja Verão!